sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

BAIXO ADIDAS - final


(continuação da parte 1)

Era a mais pura verdade. O carro de Leovegildo* estava trancado por dentro, o baixo em cima do banco do carona, com as três listas brancas chave-de-cadeia. Após a incredulidade, veio o pavor. Afinal, a delegacia da Lagoa ficava a menos de 500 metros. A primeira tentativa foi sacudir o carro para tentar que as listas desmanchassem. Nada. Lembraram, então, da chave reserva, que estava no Centro. Era só conseguir, e rápido, alguém que emprestasse o carro para a missão de resgate. Pede daqui, pede dali, o veículo foi cedido pelo vocalista da banda que se apresentava naquele momento.

Na hora em que partiam, aumentou ainda mais o pavor de nossos heróis: a história foi na mesma noite do post anterior, em que o Franck foi preso. E eles saíram em busca da chave na mesma hora em que a polícia chegava ao bar por causa da reclamação de barulho. Pode ter sido, aliás, a única vez em que um proprietário de bar saiu algemado, mesmo sem oferecer resistência, só por causa de reclamação de som alto.

Ao chegarem no Centro, más notícias: a prima de Leovegildo* havia ido viajar e levara junto a chave reserva do carro. Voltaram para a Lagoa. Quando foram ao carro, a história havia se espalhado entre os presentes, que faziam fila para olhar a curiosa cena, com a maior discrição possível (que não era muita) e saíam dando risada e convocando mais gente para ver aquilo.

Qualquer tentativa de manter em segredo a situação fora por água abaixo, então decidiram chamar de uma vez um chaveiro, ainda mais porque a madrugada já avançara, dali a pouco já seria manhã. Trinta longos minutos depois, apareceu a moto com o profissional salvador. Ainda pediram que ele abrisse o carro pela outra porta, numa vã esperança de que ele não visse o quadro em preto e branco. Inútil. O chaveiro deu uma risadinha e, tentando fingir que não havia notado o que acontecia, comentou:

- Pois é... então o pessoal tava fazendo um som e acabou trancando o carro?
- Bicho, pelamordedeus, só abre a porta.

Abriu. Conformados em que todo mundo tinha visto tudo, Leovegildo* e Antônio* (o baixista estepe), consumiram ali mesmo. Sob aplausos da multidão.





* Os nomes foram alterados porque ninguém aqui é dedo-duro. Também não sejam nos comentários. A história foi enviada por um leitor gente fina; quem tiver alguma e estiver a fim de permanecer anônimo, é só mandar pra detropicosaounderground@gmail.com que a gente até dá uma mexida no texto pra nem o estilo de escrita ser muito reconhecível.

2 comentários:

  1. Nem todos aplaudiram. Muitos espectadores aguardavam ansiosamente por uma das listras da Adidas.

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  2. hahahahahahha!!!!Adorei!Lembro dessa noite como se fosse ontem!

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