De Trópicos ao Underground
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Rock'n'roll por cinco pila
Por Gabriel Rocha
Quando o Domingos me pediu pra escrever uma história (publicável) sobre o Underground, lembrei na hora de um show do Wander Wildner, lá pelos idos de 2001. Aquela foi a primeira vez em que ele tocou no Franck (depois o cara virou praticamente o artista da casa).
Antes dele, os Pistoleiros e o Stuart fizeram showzaços. Mas o Underground estava lotadaço especialmente para o mito. Eu tinha ido pro lado de fora tomar uma Glacial, quando vejo uma Elba em estado lastimável estacionar do lado de fora do bar. Do banco de trás, desce nosso herói para sua entrada triunfal.
O show foi altos, lógico. Mas a cena que ficou na minha memória aconteceu depois da apresentação. Wander saiu do Underground, atravessou a Avenida das Rendeiras e mergulhou na Lagoa. Pena que naquela época as câmeras digitais ainda não tinham se popularizado. A imagem do Wander saindo pingando da Lagoa seria digna de capa de uma revista Caras do mundo bizarro.
Abaixo, desenterrei a resenha do show que escrevi para o finado e-zine O Malaco, divirtam-se:
Rock'n'roll por cinco pila
Show consagrador na estréia de Wander em Floripa
Noitada com showzinhos legais é coisa rara em Florianópolis, mas de vez em quando acontece. Para começar a matinê de domingo no Underground Rock Bar (popular bar do Franck), tocaram Os Pistoleiros, com seu alt-country cantado em português. Com a saída do acordeonista Marco Túlio (que abandonou a banda em um episódio mal explicado no meio do show de lançamento da edição # 3 de O Malaco), Os Pistoleiros perderam um pouco do lado gaudério e ganharam em peso nas guitarras. Em um set mais curto que o habitual, apostaram nas canções conhecidas pelo público ("Neve Over The Town", "(Não Contavam com) Os Pistoleiros" , "Quero Estar Bem Acordado") além dos já tradicionais covers de Neil Young ("Rockin' in the Free World") e de seus ancestrais catarinenses, Expresso Rural ("Nas Manhãs do Sul do Mundo").
Em seguida veio o Stuart, de Blumenau, tocando um rock altamente influenciado pelo headliner Wander Wildner. Apesar de pouco conhecidos pela platéia, a banda conquistou todo mundo ao tocar o semi-hit "Dançando em Blumenau", na verdade uma versão para "Dancing with Myself", de Billy Idol, que ganhou um inacreditável refrão que diz: "a juventude idiota/está dançando em Blumenau/e região".
Mas a atração principal era mesmo o grande Wander Wildner, lançando na cidade seu terceiro disco solo Sou Feio, Mas Sou Bonito. Wander sobe ao palco acompanhado pelos comparsas Sting, no baixo e Marcelo Bollada nas baquetas e fica quase dez minutos ajustando o som de sua guitarra. "Isso é rock 'n' roll por cinco pila", dispara a lenda. "No Jota Quest tu paga 20 pila e as guitarras são sem fio. Mas eles que vão pra puta que o pariu", continua, para em seguida atacar com "Bebendo Vinho". "Esta é uma noite de baladas", declara o falante Wander. O início é dedicado a músicas do novo disco, como "Mantra das Possibilidades", mas a apresentação pega fogo mesmo com os clássicos. "O Quarto da Empregada" é dedicada a Paulo Ricardo e tem parte da letra alterada para se adaptar à geografia local : "Se ela for para a Palhoça/Eu vou atrás". "Lugar do Caralho", do camarada Júpiter Maçã, causa comoção coletiva: o público pula, dança o pogo e berra a letra com toda a força do mundo. Reação semelhante acontece com "Eu Queria Morar em Beverly Hills", "Minha Vizinha" e "Refrões".
No meio da versão para "I'm a Lonely Boy", dos Sex Pistols, Wander demonstra generosidade e deixa um mala subir ao palco e cantar com ele. Na hora de "Surfista Calhorda" o pentelho volta a atacar, mas dessa vez Wander não perdoa: "Não, não. Essa é uma versão bossa-nova, tu não conhece!", e empurra o babaca de volta para onde ele nunca devia ter saído. A noite termina com "Eu Quero Ser Burgês" e "Jesus Voltará".
O que a maior parte do público não viu foi a segunda parte do show. Wander sai do boteco, atravessa a rua e... dá um mergulho na Lagoa da Conceição, um pouco menos podre que o Guaíba, em pleno domingo à noite. Punk rock é isso aí.
PS: agradecimento especial ao chapa Fabrício Rodrigues que me ajudou a lembrar de detalhes da noite.
Foto: Acervo do bar
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Punks da praia.
Tenho tendência a "humanizar" a história porque assim (acho eu) ela fica mais forte.
Quando cheguei na casa do Lucão (de Barros) para gravar a entrevista com o Franck (post anterior)
o Ledu já estava lá digitalizando umas vhs..
Foi então que vi pela primeira vez um registro em vídeo do Trópicos, algo inédito até então (recentemente o Marco – cineasta Martins – achou um video da minha banda e da banda dele tocando no Trópicos, mas ele não vai liberar tão cedo). O "tesouro" que o Ledu tinha em mãos estava guardado a uns 12 anos
e eu nem fazia ideia que ele tivesse um registro tão condizente com as noites no Trópicos como essas imagens que aí estão.
Infelizmente não lembro nada de como foi essa noite, apesar de aparecer no vídeo, muito menos como acabou. Não posso falar muito da banda também.
Lembro que o Ledu e o Batata junto com o Baga tocavam no Rock Pedrero mais ou menos por essa época e que eles infernizavam o ambiente com rocks clássicos tocados com muita gana.
Obrigado Ledu por me aproximar da minha memória.
Você que tá lendo e esteve lá, vai sentir um misto de saudade e excitação, se vc não esteve vai entender um pouco porque essa época foi tão foda!
da esquerda para a direita : Breno, Lucão, Mutley , Franck , eu e Ledoux na noite da entrevista.
terça-feira, 26 de junho de 2012
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Sentindo as flexilhas das ervas do chão.
"Voces estao ai falando dos butecos da Bahia. Dai resolvi lembrar
dum que tem por aqui. Eh o Tropicos, mais conhecido como bar do Frank ou
o bar do som. Eh legal porque o cara tem umas fitinhas boas e alem
disso eh soh chegar com uma fita que ele (o Frank) poe pra rolar. Jah
aconteceu de eu chegar lah e estar tocando "Hello, I Love You" na versao
do Cure. Lah foi tambem a primeira audicao publica da nova demo do
Superbug. Tudo isso aa beira da Lagoa da Conceicao, o lugar mais
reggae-bicho grilo, mas ainda assim legal, de Floripa.
Outro dia aconteceu uma cena surreal: imagine
voce num bar chamado Tropicos, na beira da Lagoa da Conceicao, como
cocos pendurados e tudo, tocando "Daydream Nation" do Sonic Youth. Dai
chegam umas figuras a cavalo. Parecem ter acabado de chegar de Chapeco
ou Sao Lourenco, lah no Oeste de SC. Todo aquele jeito meio gaucho, meio
peao boiadeiro. Eles sentam e comecam a tomar uma cerveja. Olham
pro resto do pessoal. Estranham. Voces devem imaginar a fauna que esse
tipo de som reune. De repente, um dos cavaleiros comeca a ter um ataque
epileptico. Fomos saber por que: eh que uma semana antes, ele teve um
acidente de moto no qual morreu o cunhado (marido da irma dele), cujo
filho nascera naquele dia. E "Teenage Riot" mandando bala."
*email de Fabio Bianchinni para seus amigos.... Pelo "audição pública da demo do superbug" esse relato deve ser de 1997...mantive o texto do jeito que foi enviado para não perder o romantismo do "achado".
quinta-feira, 29 de março de 2012
pelos olhos do Koostella
Koostella é cartunista e guitarrista de banda grunge. Tem 5 livros de quadrinhos editados e tocou em bandas como Skydivers, Os lopes de Souza e Os Infames.
Para conhecer mais sobre a obra e a vida desse artista sagaz e pinguço vá até :
www.koostella.blogspot.com
terça-feira, 20 de março de 2012
O Velho do olho de vidro.
É impossível falar do Trópicos e contar a história daqueles tempos sem falar dele, seria um erro estúpido. Toda noite ele estava lá no balcão falando com os clientes; muitos conversavam com ele, mas, na verdade, não acredito que alguém entendesse alguma coisa do que ele dizia. Eu, pelo menos, nunca entendi. Diz o Franck que era possível estabelecer comunicação quando ele estava sóbrio, o que só acontecia durante o dia.
Nem sei qual era o nome dele, o Franck sabe; tinha
um carinho especial por ele, como a foto mostra. Era um pescador da
região que tinha adotado o bar para tomar sua cachacinha noturna, igual a
todo os outros clientes.
Mais tarde, quando o Trópicos fechou, levou
uns dois meses ou mais até montar o Underground. Nesse meio tempo o
velho sumiu. Até que, mais adiante, com as festas já rolando forte, ele
apareceu uma noite, para alegria geral!
Logo que pedi ao Franck permissão para fazer o blog,
acho que faz uns três meses, ainda perguntei sobre o velho.Tá bem vivo! Lembro que na época o cara era forte, e que num simples cumprimento ele quase esmagava tua mão.
Sem dúvida alguma ele faz parte do folclore do bar!
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