terça-feira, 6 de março de 2012

Não tá morto quem peleia.

                            Galera na parte de trás do bar

Todo final de semana o cara acabava conhecendo uma banda nova e fazendo amizade também. Aos poucos foi criando-se uma espécie de irmandade, do tipo "Tenho show marcado para daqui a dois finais de semana, tá a fim de tocar com a tua banda?" e vice-versa. E aí o pessoal começou a falar para o povo de fora de Florianópolis e começaram a aparecer bandas de outras partes do Estado para tocar; algumas até já tinham  tocado aqui antes, quando o Café Matisse abrigava guitar bands (era comum os donos do café tirarem os amplificadores da tomada).

Muitas vezes eu não tinha condições de voltar pra casa. Numa dessas, descobri no rancho de pescador que havia ali ao lado um barco espaçoso e "confortável". Então esperava o bar fechar e ia dormir no barco até a bebedeira passar.

Fiz isso várias vezes, algumas bem acompanhado, mas a vez que não sai da memória, foi quando acordei já devia ser umas 2 horas da tarde, e o Franck já estava trabalhando de novo e o movimento era intenso. Claro, o público diurno era outro, bem mais comportado. Quando me viu, ele me deu uma empanada e uma água de coco. Restabelecido, comecei tudo de novo e só voltei pra casa no domingo pra segunda.

Foi aí que me dei conta de como eles trabalhavam tanto. O Trópicos enchia cada vez mais, o Franck e a Andreza  trabalhavam feito uns condenados, por isso muitas vezes eles chamavam parentes para dar conta de tanto cliente doido. Um deles era o Franckito, irmão do Franck. Certa vez, ele me contou que Dona Vera, mãe do Franck e na real a grande responsável por tudo aquilo que estavamos vivendo, entrava em desespero quando via o estado do seu filho chegando exausto depois de mais um dia de trabalho.

Depois disso comecei a reparar o quanto eles ainda mantinham o bom humor e que o Franck sentia vontade de curtir com os amigos, camaradas que éramos nós, seus clientes, e muitas vezes ele fez isso. O problema é que o Franck bêbado era um chato, falava colado ao teu ouvido e te cuspia todo, sempre com discurso punk irredutível.
A Andreza  ficava  só de olho...


Foto: acervo de  Thanira Rates
Colaboração de Fábio Bianchinni

2 comentários:

  1. Na foto o Koos tava desenhando algo pra gente...essa foto se nao me engano era domingo de tarde, haveria uma matine no Tropicos...dia lotado, sentamos la fora porque nao tinha lugar dentro...

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  2. porra, esse último parágrafo me fez rachar o bico, hahaha

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